EstimuLar

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paralisia cerebral - Alterações e Atuação fonoaudiológica

Músculos da Mastigação

Os músculos da mastigação atuam em grupo, e têm a função primordial de movimentar a mandíbula em diferentes planos ou direções, aproveitando, para isso, as estruturas especiais que conformam a ATM. São considerados quatro músculos pertencentes ao grupo da mastigação: três elevadores da mandíbula, que são o mm masseter, o mm temporal e o mm pterigóideo medial, e um protrusor da mandíbula, o mm pterigóideo lateral. O mm masseter e o mm temporal são superficiais a de fácil palpação enquanto que os outros dois são profundos. Todos eles ligam a mandíbula ao crânio, derivam do mesoderma e recebem a inervação do nervo trigêmeo.
RESUMO DOS MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO
Músculo
Origem
Inserção
Inervação
Função
Masseter (é um mm de grande espessura, forte, quadrilátero e é composto por dois feixes)Margem inferior do osso zigomático (parte superficial) e margem inferior do arco zigomático (parte profunda)Nos dois terços inferiores da face lateral do ramo da mandíbulaNervo massetérico, ramo do mandibular (trigêmeo)Levanta (com força) a mandíbula
Temporal (é o mais potente dos mm da mastigação; estende-se em forma de leque desde a parede lateral do crânio até a mandíbula)Soalho da fossa temporal e superfície medial e fáscia temporalBordas e face medial do processo coronóide (crista temporal) e borda anterior do ramo da mandíbulaNervos temporais profundos, ramos do mandibular (trigêmeo)
Levanta a mandíbula (mais velocidade do que potência)
Retrai a mandíbula com a porção posterior
Pterigóideo Medial (trata-se de um mm quadrangular de certa espessura)Fossa pterigóideaFace medial da região do ângulo da mandíbulaNervo pterigóideo medial, ramo do mandibular (trigêmeo)Eleva a mandíbula, age como sinergista do masseter
Pterigóideo Lateral (é um mm curto, de forma prismática)Face lateral da lâmina lateral do processo pterigóideo e superfície infratemporal da asa maior do esfenóideFóvea pterigóidea e margem anterior do disco da ATMNervo pterigóideo lateral, ramo do mandibular (trigêmeo)
Protrai (e junto com os digástricos abaixa) a mandíbula pela contração bilateral simultânea
Movimenta para um doa lados pela contração unilateral
Estabiliza o disco articular

A Mastigação e suas fases

A mastigação é a mais importante função estomatognática. Consiste na ação de morder e triturar o alimento. Trata-se de uma atividade bastante complexa, altamente dinâmica que exige das fibras aferentes total controle e sincronia da musculatura orofacial.
     A mastigação é um ato complexo que envolve atividades neuromusculares e digestivas. Sua função principal é fragmentar o alimento em partículas cada vez menores, preparando-as para a deglutição adequada, e, em seguida, para a digestão.
     Outra função mastigatória é promover uma ação bacteriana sobre os alimentos colocados na boca, durante a trituração para a formação do bolo alimentar. Além disso, a mastigação também proporciona a força e a função necessárias para o desenvolvimento normal dos ossos maxilares, além da manutenção dos arcos dentais.
     Conheça a seguir as três fases da mastigação, segundo Tanigute (2005):
I. Incisão: A mandíbula eleva-se em protrusão, apreendendo o alimento entre os dentes incisivos. Aumenta a intensidade da contração muscular elevadora de mandíbula, determinando movimentos oscilatórios até o alimento ser cortado.
II. Trituração: Os alimentos são transformados em partículas menores. A trituração é executada pelos dentes pré-molares.
III. Pulverização: Momento em que as partículas alimentares formadas durante a trituração são transformadas em elementos ainda menores.
     Os músculos da mastigação são divididos em masseter, temporal, pterigóideo medial e pterigóideo lateral. Eles são responsáveis pelos movimentos de fechar a boca, deslizar a mandíbula para frente e para trás e também pelos movimentos mandibulares laterais.
Referência: Tanigute, C.C. Desenvolvimento das funções estomatognáticas. In: Marchesan, I.Q. Fundamentos em Fonoaudiologia: Aspectos clínicos da Motricidade Oral. Guanabara-Koogan, 2005.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os diferentes estilos de aprendizagem de cada criança

Cada indivíduo possui e apresenta uma maneira própria de aprender, a forma individual de adquirir conhecimento é definida como Estilo de Aprendizagem. Por exemplo: algumas crianças aprendem com maior facilidade cantando músicas, outras através de brincadeiras, brinquedos pedagógicos, entre outros. 
Sendo o Estilo de Aprendizagem um aprendizado pessoal e único, vale ressaltar que não se trata do que o indivíduo aprende e sim a forma que ele utiliza durante o aprendizado. 
No intuito de identificar qual o melhor tipo de abordagem para seu aluno ou filho, fazendo com que crie e oriente estratégias educacionais personalizadas de acordo com o perfil de aprendizagem e proporcionando um aprendizado de forma prazerosa e com maior facilidade, conheça os tipos de aprendizagem existentes, bem como a maneira ideal de ser utilizada. 
 

Os sete tipos de Estilo de Aprendizagem identificados no indivíduo: 

Físico: definido como o indivíduo que utiliza bastante a expressão corporal, as pessoas que apresentam esse perfil geralmente são inquietos, bisbilhoteiros e “destruidores” de brinquedos, pois buscam saber como ocorre o funcionamento desses. Interagem melhor através do contato manual e corporal, costumam ter gosto pela prática de esportes, dança, invenção e construção de algo. 
Segue abaixo algumas atividades recomendadas aos indivíduos que apresentam esse Estilo de Aprendizagem: 
Sugestões de atividades: 
• Realizar aulas práticas com montagens e construções de objetos e simulações; 
• Incluir aulas virtuais em computadores; 
• Alternar momentos teóricos e práticos durante a aula. 

Intrapessoal: definido como o indivíduo que apresenta característica introspectiva, costuma ser solitário, tímido, anti-social, porém costumam apresentar melhor desempenho quando deixados à vontade. 
Na escola tendem a identificar melhor com atividades de escrita, pesquisa e 
projetos independentes, apresentando raciocínio lógico muito apurado e são bastante reflexivos.
Sugestões de atividades: 
• Realizar projetos independentes com eles; 
• Devido ser considerados pesquisadores natos, pode requisitar inúmeros trabalhos de pesquisas; 
• Evitar trabalhos em grupo, pois apresentam melhor desempenho em atividades isoladas. 

Interpessoal: definido como um indivíduo extrovertido, relaciona-se melhor com o mundo através de suas interações com os outros, apresenta melhor entendimento com pessoas que trabalham em grupo. São considerados prestativos e autênticos, apresentam melhor desempenho em atividades com equipes esportivas, grupos de discussões e organização de eventos, trabalhos de pesquisa em grupo, ou trabalho em pequenas equipes. 
Sugestões de atividades: 
• Realizar projetos em grupos; 
• Organizar trabalhos onde possam lidar com o público, como debates e entrevistas. 

Linguístico ou Verbal: definido como o indivíduo que apresenta maior facilidade em se expressar com palavras, são consideradas como “devoradores” de livros, sendo extremamente cultas, sempre tem domínio do assunto que é abordado. São simpatizantes de atividades que envolvem o uso da palavra falada, escrita de poemas e leitura literária. 
Sugestões de atividades: 
• Realizar projetos literários, concursos para redação de textos publicitários; 
• Realizar debates de temas polêmicos; 
• Criar peça de teatro, etc. 

Matemático: geralmente esses indivíduos utilizam mais o pensamento (raciocínio lógico), números, padrões e seqüências, contagem e classificação de objetos, criação de tábuas cronológicas e tabelas, e solução de problemas complexos. São considerados gênios matemáticos e tendem a ser apaixonados por jogos. 
Sugestões de atividades: 
• Ensinar atividades que tenha como comprovar a resolução; 
• Realizar projetos que propiciem a organização e classificação de coisas e objetos; 
• Realizar projetos de pesquisas científicas ou comportamentais. 

Musical: são indivíduos que se interessam mais por sons e músicas, geralmente vivem cantando ou entoando algum som, mesmo com a boca fechada. Apresentam habilidade natural para interagir e entender os sons, musicais ou não. 
Sugestões de atividades:
• Realizar projetos para criação de teatros musicais; 
• Escrever letras para músicas já existentes; 
• Realizar projetos de pesquisa, biografia e bibliografia musicais; 
• Realizar projetos para criação de trabalhos em multimídia. 

Visual: são indivíduos que tendem a explorar mais o aspecto visual das coisas, apresentando um talento natural para lidar com cores e harmonizar ambientes. Identificam-se através de pinturas, imagens, bem como criação de artes gráficas. 
Sugestões de atividades: 
• Criar projetos voltados para a criação de cenários para peças de teatro; 
• Criar um Site para a turma ou escola; 
• Solicitar apresentações multimídia dos trabalhos da escola; 
• Realizar projetos com interpretação de mapas, diagramas e obras de arte; 
• Trabalhar com ilustrações, gráficos, slides e filmes nas aulas. 

É importante esclarecer que uma pessoa pode apresentar mais de um estilo de aprendizagem, mas geralmente tende a ter o estilo primário tido como o dominante e o secundário.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estimulação Precoce na Síndrome de Down

A estimulação precoce é um atendimento especializado direcionado a bebês e crianças de 0 a 3 anos com risco ou atraso no desenvolvimento global (prematuros de risco, síndromes genéticas, deficiências, paralisia cerebral e outras) e a suas famílias, atuando na prevenção de problemas do desenvolvimento global. Este atendimento é de fundamental importância, pois possibilita dar suporte ao bebê no seu processo inicial de intercâmbio com o meio, considerando os aspectos motores, cognitivos, psíquicos e sociais de seu desenvolvimento, bem como auxiliar seus pais no exercício das funções parentais, fortalecendo os vínculos familiares.
Esta modalidade de atendimento se baseia sobretudo no trabalho interdisciplinar. Pensamos que a intervenção clínica com um bebê deverá estar centrada em um terapeuta de referência especializado em estimulação precoce, apoiado por uma equipe interdisciplinar, que através da interação com a criança e com a família possibilitará um desenvolvimento saudável da tríade pais-bebê.
O tratamento de estimulação precoce é possível devido a grande plasticidade neuronal nos primeiros três anos de vida.  Ele modifica todo o curso do desenvolvimento do indivíduo, formando as bases para um desenvolvimento harmônico.  No caso da Síndrome de Down, por causa da deficiência intelectual, o trabalho do terapeuta nestas equipes é de grande importância, pois a estimulação cognitiva deve começar tão cedo quanto a motora e o trabalho sobre os vínculos pais-bebê também nos dão um bom prognóstico do desenvolvimento do sujeito.
Nos trabalhos de estimulação precoce, dê preferência aos que os profissionais trabalhem de maneira conjunta com o bebê ou criança e nunca deixe o seu filho apenas sobre a “responsabilidade” de uma só área do conhecimento, pois os terapeutas como todos nós têm pontos cegos e tendem a privilegiar a sua área em detrimento das outras, vendo o bebê ou criança, dentro de um recorte referente a sua área de conhecimento. É muito importante também que os pais participem deste processo. Existem várias maneiras de trazer os pais para a terapia do bebê, mesmo quando a rotina de trabalho deixa-lhes o tempo mais restrito. A participação dos pais é fundamental não apenas em função das orientações que costumam receber dos terapeutas, mas também para que se possam observar os padrões interativos entre eles e o bebê/criança.

Perceba como você Afeta a Comunicação de seu filho

Embora a forma de você interagir com seu filho dependa da sua personalidade e da dele, há alguns papéis comuns que todos os pais tendem a assumir. Vamos dialogar sobre esses papéis, quando eles são úteis para a aprendizagem do seu filho e quando não são.
O Papel do “Ajudante/Professor”
Quando seu filho parece não saber como fazer coisas ou não consegue se comunicar, é natural querer ajudá-lo. Mas se você fizer as coisas para seu filho sempre, ele não terá a oportunidade de mostrar que consegue fazer mais do que você poderia esperar.
Muitas vezes, contudo, seu filho pode não entender o que você espera que ele faça. Nesses casos, vai precisar que você seja o seu “Ajudante”.
A Regra do Ajudante
A “Regra do Ajudante”, a seguir, vai ajudá-lo a identificar quando convém ser o Ajudante de seu filho, e o que você pode fazer para dar a ajuda que ele precisa: Peça uma vez e espere. Peça de novo, acrescentando ajuda. Peça para seu filho fazer algo e espere a resposta. Se não responder, peça de novo. Ao mesmo tempo, guie-o delicadamente para fazer o que você pediu.
NegritoO Papel do “Não Perturbe”
Se o seu filho não se mostra interessado em interagir com você e raramente demanda sua atenção, é tentador acreditar que é o seu jeito de mostrar independência. Emboratodas as crianças precisem mesmo de tempo para elas mesmas, é importante que seu filho aprenda a interagir, coisa que não poderá fazer sozinho. Persista nas tentativas de se juntar ao seu filho no que ele estiver fazendo. Por exemplo, se ele está assistindo televisão sozinho, sente bem ao lado no sofá. Ou se ele está brincando com um barbante, tente puxar o barbante até obter sua atenção.
Ele pode ficar bravo e empurrar você; mesmo assim, isto é preferível a não haver interação. Depois que começar a interagir mais com seu filho, pode ser que enfim ele perceba que brincar pode ser mais divertido se você estiver junto.
O Papel do “Atarefado”
Às vezes a vida parece uma corrida contra o relógio. Pense em todas as coisas que tem que fazer de manhã: levantar-se, tomar banho, vestir seu filho, fazer café da manhã, fazer as camas, levar o cachorro para passear, etc. Você provavelmente vive correndo para cumprir sua agenda. Todos esses momentos apressados são momentos nas quais seu filho poderia estar aprendendo algo. Se, por um lado, nem sempre é possível diminuir o ritmo, por outro, cinco minutos extras no café da manhã ou quando estão se vestindo podem fazer a diferença. Lembre-se que seu filho precisa de mais tempo para entender o que está acontecendo à sua volta e para pensar sobre o que deve fazer ou dizer. Ele aprenderá melhor quando você “parar de apostar corrida e diminuir o ritmo”!
O Papel do “Parceiro”
Você e seu filho provavelmente brincam juntos, como de Cócegas ou Achou! Mesmo quando você não está ensinando habilidades específicas ao seu filho durante essas brincadeiras, ele está aprendendo muito sobre comunicação por ter você como “Parceiro” de brincadeira. Conforme seu filho entende mais e se torna um comunicador mais capaz, precisará de menos orientações suas. Em outras palavras, quando ele consegue fazer e falar mais, você pode fazer e falar menos! Se fizer perguntas e sugestões demais, poderá inibir seu filho a iniciar suas próprias conversas. Quando você está no papeldo Parceiro, deixe seu filho conduzir e responda ao que ele fizer.
O Papel do “Animador”
Todas as crianças se beneficiam de um “oba!” e um abraço. Quando você recompensa as tentativas de seu filho de entender e se comunicar, aumenta a chance de que ele tente de novo. Mas a forma de fazer o elogio também é importante. Por exemplo, quando seu filho bebe todo o leite, você pode dizer “Muito bem!”. Embora seu filho perceba que você está feliz, pode não entender o que as palavras “muito bem” significam. Faça um elogio descritivo que diga exatamente por que está fazendo festa para ele. Depois que ele terminar o leite, diga algo como “Oba! Tomou todo o leite!”. Assim, ele consegue fazer a conexão entre suas palavras e as ações dele. Contudo, esteja atento, pois pode confundir seu filho com o elogio. Imagine-se contando algo importante para uma amiga e que, no meio da conversa, ela dissesse “Muito bem, você falou!”. Você provavelmente acharia estranho sua amiga interrompê-lo e poderia esquecer sobre o que estava falando. Seu filho pode ficar meio confuso se você interromper com elogios as tentativas dele de se comunicar.
Fonte: Livro Mais do que palavras (Fern Sussman)

O que é Léxico Mental?


O nosso Léxico Mental [em inglês, Mental Lexicon] é o que nos ajuda a compreender como o cérebro armazena o vocabulário que aprendemos em nossa língua [e também em um língua estrangeira]. Para comprovar isto, veja a atividade abaixo! Nela há algumas sentenças com espaços em branco, complete os espaços com a primeira palavra que vir à cabeça; desde que faça sentido na sentença:

01. O presidente disse que todas as acusações não passam de intriga da ....................

02. Como o produto estava danificado, eu o devolvi e pedi meu dinheiro de ...................

03. Eu acho que vale a .................. fazer um curso no exterior.

04. Se ela acha que vou ajudar, ela está redondamente ....................

05. Depois de muitos e muitos anos, um terrível segredo de família acabou .................... à tona.

Veja que com o contexto certo, o seu cérebro foi capaz de “puxar” a palavra que está faltando. As repostas mais frequentes e esperadas são oposição, volta, pena, enganada e vindo, respectivamente. Caso alguém resolva mudar mudar as palavras nestas sentenças causará risos em que lê ou ouve. Ou seja, nós entenderemos o que a pessoa quis dizer, embora compreendamos automaticamente que algo está “estranho”.
Isto se dá por que nosso Léxico Mental está em ação o tempo todo. Isto significa que nosso cérebro possui um repositório – uma espécie de arquivo mental – que guarda estas expressões – conhecidas como Itens Lexicais [Lexical Items ou chunks of language]. Quando alguém usa uma combinação ou outra de modo diferente ou com outra palavra - mesmo que sinônima - a reação é estranha e engraçada.
De acordo com neurocientistas cerca de 80% a 85% do vocabulário [léxico] armazenado em nossa mente – ou seja, em nosso Léxico Mental – está organizado como expressões prontas e semi-prontas, sentenças completas, collocations, polywords, frases fixas e semi-fixas. O restante [menos de 15%] é ocupado por palavras isoladas. É por esta razão que somos capazes de fazer a atividade acima sem maiores dificuldades. Experimente dar esta atividade a um estrangeiro que tenha algum conhecimento de língua portuguesa e veja como ele ou ela se sai.

Tudo isto mostra que seu Léxico Mental é a parte do seu cérebro que armazena palavras isoladas, expressões prontas, frases fixas e semi-fixas, que usamos com maior frequência em nossa língua.

Método Padovan: a vanguarda na Reorganização Neurofuncional

Isadora portadora de Síndrome de Down, é submetida a sessão do método Padovan com as fonoaudiólogas

O Método Padovan, foi criado por Beatriz Padovan no início da década de 70. Começou como um estudo simples da pedagogia Waldorf, mas aos poucos foi se desenvolvendo, aperfeiçoando e o resultado é a dimensão mundial que o trabalho ganhou.
O Método Padovan se tornou referência internacional. A explicação para essa grande abrangência? Os resultados e a eficiência do trabalho.
Essa metodologia trabalha diretamente com a reorganização neurofuncional. E o mais interessante do Método Padovan: a abrangência. Crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, síndrome de down e adultos vítimas de acidente vascular cerebral (todos os problemas derivados da falha do amadurecimento neuro psico motor e sensorial), são alguns dos que estão aptos a serem beneficiados pelas ações implantadas a partir do Método Padovan.

A DESCOBERTA
A história do Método Padovan começa quando Beatriz Padovan exercia o magistério na Escola Waldorf Rudolf Steiner (naquela época, Escola Higienópolis), escola esta que pratica a Pedagogia Waldorf, baseada na Antroposofia.
Tinha ela a seus cuidados uma classe de trinta e dois alunos e, dentre estes, havia cinco que, apesar de inteligentes, tinham muita dificuldade de aprendizagem. Pareciam aprender o que se lhes ensinava mas, nos dias seguintes, não mais se lembravam do que lhes fora ensinado.
Passou a Autora, preocupada com o rendimento desses alunos, a dar-lhes aulas de reforço, por sua própria conta. Enquanto recebiam esta ajuda, conseguiam acompanhar com menos dificuldade as aulas. Se parasse com as aulas extras, eles regrediam.
Resolveu então a Autora acompanhar as aulas que esses alunos tinham com outros professores. Constatou que eles apresentavam, também, dificuldades semelhantes, principalmente no que se relacionava com atividades físicas e artísticas. A parte motora era bem prejudicada, demonstrando falta de coordenação além de grande hiperatividade. Não conseguiam controlar a atenção, a concentração e o comportamento. Assim, nas aulas de educação física, jogos, trabalhos manuais e Euritmia, que exigiam movimentos coordenados, eles não conseguiam acompanhar adequadamente.
Um desses alunos mudou-se para a Alemanha. Tempos depois, a mãe desse aluno escreveu dizendo que ele fora diagnosticado como portador de “dislexia”, distúrbio praticamente desconhecido, naquela época, para professores. Procurou a Autora se informar sobre o assunto e soube que esse distúrbio era tratado pela Fonoaudiologia.
Na Faculdade aprendeu que muitos distúrbios de aprendizagem eram devidos ao que se denominava de Disfunção Cerebral Mínima (DCM), que passou depois a ser denominada de Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) e atualmente passou a se denominar Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Mas com o conhecimento universitário Beatriz Padovan foi além, estudou e chegou ao Método Padovan.
Durante 06 anos (1969 – 1975), a autora trabalhou na Universidade de São Paulo (USP), onde dava aulas para alunos de pós graduação em ordodontia. Lá desenvolveu seu método de mioterapia neurofuncional, mesmo com pacientes em coma, porque sua participação é reflexa e não consciente ou voluntário.
O MÉTODO PADOVAN É COMPOSTO DE DUAS PARTES:
Exercícios Corporais – em grande parte derivados da reorganização neurológica, na sequência preconizada por Rudolf Steiner e complementada pela própria Beatriz Padovan.
Exercícios Oro-buco-faciais do método Padovan de reeducação mioterápica das funções orais. .
Com isso, ou seja, com o conjunto dos exercícios corporais mais os exercícios das funções orais, é desenvolvido o Método Padovan de Reorganização Neurofuncional, nome pelo qual é hoje conhecido não só no Brasil como em vários países (Alemanha, Áustria, Canadá, Espanha, França, Grécia, Marrocos, Suíça), onde a Beatriz Padovan ministra cursos de formação, regularmente, desde 1979.

PILARES DO MÉTODO
Andar – Falar – Pensar
“O homem é o ser que anda ereto, usa uma linguagem codificada e elabora ideias, isto é, o ser que pensa.”
Estas três atividades acompanham o ser humano durante toda sua vida, mas tem o seu primeiro desenvolvimento (o primeiro passo para cada uma das três atividades) nos três primeiros anos de vida do indivíduo: com cerca de 1 ano a criança começa a andar, com cerca de 2 anos inicia a falar e, por volta de 3 anos, é que podemos dizer que começa a pensar.
É importante como Steiner caracteriza cada uma dessas atividades.
Andar: não é um simples locomover-se. Erguer-se e andar ereto é apenas o traço mais visível de um processo muito amplo e complexo. É um processo evolutivo que leva a criança de uma posição horizontal à posição vertical. O de vencer a força da gravidade e passar da posição horizontal para a posição vertical com harmonia e equilíbrio. Antes de alcançar tal conquista, a criança passa por várias fases que serão fundamentais para o domínio do espaço. Assim, ela vai vencendo, pouco a pouco, a força da gravidade, através do amadurecimento do seu Sistema Nervoso Central (SNC). Estas etapas fundamentais e naturais são: espernear sem sair do lugar, rolar, rastejar, engatinhar, ficar em pé e depois andar, o que é alcançado normalmente por volta de l ano de idade. Todas estas etapas são inerentes ao ser humano. Tudo isto a criança faz e vai dominando, porque o processo de verticalização pertence ao próprio programa genético humano. Uma criança, no seu desenvolvimento normal, não deve saltar nenhuma destas etapas.
Falar: Surge do processo de orientação no espaço do desenvolvimento do andar. Nasce do desenvolvimento de todo organismo motor da criança. O Falar, tal como o Andar, também segue todo um processo natural de desenvolvimento. Primeiro a criança se manifesta através do choro, depois com gestos (mímica expressiva) e balbucio, e aos poucos vai se aprimorando, até chegar a construir frases curtas, mas com sentido completo, por volta de 2 anos de idade. Neste momento, diz-se que a criança já está falando.
O processo do Falar depende de sincronia e harmonia de movimentos os mais refinados do corpo humano, tais como os do diafragma, da laringe, da boca (língua, bochechas e lábios) e da respiração. A Fala então está intimamente ligada à lateralidade, desde que o estabelecimento desta dominância permite o desenvolvimento da coordenação de toda a musculatura voluntária.
Lateralidade e fala se inter relacionam.
Pensar: É um processo mental desenvolvido a partir da linguagem. Assim como o Falar surge a partir do Andar, o Pensar surgirá em conseqüência do Falar. Exprimimos nosso pensamento através da fala e da linguagem, mas através da linguagem é que se organiza o Pensar.
Pilar ll: Baseado nas pesquisas da organização neurológica, desenvolvida por Temple Fay, neurologista e neurocirurgião na Filadélfia, por volta de 1950.
A organização neurológica é um processo dinâmico e complexo, mas natural, que leva a uma maturação do sistema nervoso central (SNC), tornando o individuo apto a cumprir o seu potencial genético, ou seja, pronto para adquirir todas as suas capacidades, incluindo a locomoção, a linguagem e o pensamento.
Esta organização neurológica, que nada mais é do que o próprio desenvolvimento ontogenético, consiste nas fases do desenvolvimento natural do ser humano (rolar, rastejar, engatinhar, etc.) que são significativamente importantes na definição do esquema corporal e da lateralidade (maturação do próprio sistema nervoso central), tornando o indivíduo apto a dominar seu corpo no espaço, isto é, a poder fazer todos os movimentos que quiser voluntários e involuntários.

ORGANIZAÇÃO NEUROLÓGICA
“Condição fisiologicamente ótima que se completa unicamente no homem, resulta de um desenvolvimento ontogenético ininterrupto; recapitulando o desenvolvimento neural filogenético.”
FILOGÊNESE: É a evolução do sistema neurológico animal, desde as espécies que possuem um sistema neural mais simples até o homem. Na escala animal a seres mais evoluídos que outros em relação a sua estrutura neural.Cada espécie acrescenta uma nova estrutura nervosa àquela espécie anterior.
ONTOGÊNESE: É a evolução do sistema neural de cada individuo. O homem no seu desenvolvimento ontogenético, repete em certos aspectos o desenvolvimento filogenético.

“Aquele que segue o que a sábia natureza nos mostra e ensina, tem menos chance de errar.”
Beatriz Padovan.